29 de janeiro de 2010

Bacalhau Festivo

Juro que não vou fazer do blog um divã, para minhas recordações, mas como já faz um tempinho que não escrevo nada sobre bacalhau hoje vou apresentar uma criação minha. Uma das minhas maiores saudades gastronômicas de Portugal será sem dúvidas o bacalhau, entre tantas outras. Então para não deixar passar muito tempo e eu não sofrer tanto com a saudade, vou escrever minha receita de despedida que realizai em Lisboa, no último Natal.

Algumas curiosidades estão reservadas para este post, pois Portugal inteiro se programa para na noite de Natal saborear uma receita de bacalhau. Ao invés do tradicional peru ou do pernil de porco o que se consome é o bacalhau.

Dias antes do Natal lá foi o Marido Sanduíche comprar o bacalhau. Cheguei ao maior supermercado de Lisboa chamado Continente, lá deviam estar algumas centenas, talvez milhares, de pessoas. Os funcionários do supermercado repondo mercadorias a todo instante, pois o avanço era geral. Até ai tudo normal, estávamos perto de uma data festiva, na qual os portugueses celebram com muito fervor, pois a tradição católica é muito forte.

Eu fui diretamente ao balcão onde estavam vendendo o bacalhau, claro que era onde havia a maior concentração de pessoas, mas eu calmo e sereno com um objetivo traçado fiquei no aguardo para ser atendido. Havia cerca de quinze balcões vendendo algumas variedades de bacalhau.

Passado uns 20 minutos sem ser atendido, comecei a perceber como funcionava para comprar o bacalhau. Duas senhoras na minha frente começaram a discutir fervorosamente por um bacalhau inteiro, xingamentos começaram a surgir, nunca tinha visto tamanha disputa por alguma coisa. Chegaram bem perto das “vias de fato”, mas os funcionários que estavam atendendo, buscaram amenizar a situação. Nossa uma experiência única, nunca vi ninguém brigar por um pedaço de bacalhau!

Depois de todo este acontecimento, peguei o jeito e fui me enfiando no meio do povo e me grudei em um bacalhau inteirinho, o abracei como se fosse um troféu, conquistado com muito sacrifício. Finalmente havia conseguido meu pedaço de bacalhau, ah e sem levar um soco, nem ser xingado por alguém. Acabei realizando um sonho de comprar um bacalhau inteiro, então valeu todo o sacrifício desprendido nesta missão, o melhor de tudo que ainda saí ileso, sem escoriações.

Atenção! Atenção! O Marido Sanduíche adverte! Quem for passar o Natal em Portugal cuide na hora de ir ao supermercado comprar seu bacalhau, pois você pode correr o risco de ir parar no hospital, então vá com um bom seguro saúde, ou compre um quite de proteção pessoal.

Vamos à receita que é o que todos querem.

Ingredientes:

1 kg de Bacalhau graúdo
½ kg Batatas
1 caixa de Tomate cereja
5 dentes de alho
1 pode pequeno de azeitonas
Amêndoas
Azeite
Sal
Pimenta do reino

Modo de Preparo:

Desalgue o bacalhau por 24 horas, trocando a água de 4 em 4 h. No outro dia você vai tirar toda a água do bacalhau, cerca de 1 hora antes do preparo.
Em quanto isso você vai descascar as batatas e cortar em rodelas e reservar. Cortar os tomates cerejas e reservar. Picar o alho e reservar.
Em um refratário você vai dispor o bacalhau, colocar o alho picado por cima do bacalhau. Cubra o bacalhau com as batatas. Coloque os tomates cerejas, as azeitonas e as amêndoas. Regue com azeite em abundância. De uma corrigida no sal e ponha pimenta do reino a gosto.
Leve ao forno pré-aquecido em 150 graus ou fogo médio, por cerca de 40 minutos ou o tempo de assar as batatas. Hummmmmmmm!!!! Ficou uma maravilha!!!

Se o custo do bacalhau for muito elevado para você, pode substituir por algum peixe de sua preferência.

Um grande abraço do Marido Sanduíche.


27 de janeiro de 2010

A saga da lentilha

A receita que vou apresentar hoje é cheia de controvérsias, pois muitos gostam outros nem tanto, alguns odeiam, e claro a maioria só come no ano novo pra dar sorte. A lentilha exerce uma verdadeira relação de amor e ódio. Particularmente adoro lentilha e estava morrendo de saudade de comer este prato, já que em Lisboa nunca encontrei, isso que procurei muito.

No último reveillon fui em busca de um mísero saquinho de lentilhas, revirei Lisboa do avesso. No dia 31 de dezembro, como bom brasileiro, fui ao supermercado comprar lentilhas. Para minha surpresa não encontrei na gôndola de grãos. Procurei um funcionário e perguntei onde estavam às lentilhas, o rapaz muito educadamente me respondeu que não conhecia, achei estranho, mas tudo bem, lá fui eu para outro supermercado.

Quando cheguei ao outro supermercado novamente me dirigi a gôndola de grão e para minha surpresa novamente não encontrei as lentilhas. Nossa, estava com uma leve desconfiança que não encontraria, mas persistente e supersticioso, rumei para um outro supermercado.

Chegando lá, no terceiro supermercado, já sei o que vão falar: Mas você é persistente! Nossa, fico feliz com o elogio. Mas na verdade vocês estão pensando: Isso não é persistência, mas sim maluquice! É confesso que realmente foi maluquice e deveria ter desistido, mas não desisti porque era dia 31 de dezembro e os supermercados estavam abarrotados de gente, disputando cada palmo de chão do supermercado, ou porque chovia cântaros e eu me molhei todo no deslocamento. Mas deveria ter notado que não existe lentilha em Lisboa. É não encontrei as lentilhas! Acho que terei azar por um ano.

Bem fiquei com muita vontade de comer lentilha depois dessa busca frustrada. Então quando cheguei ao Brasil e fui fazer as compras adivinhem onde fui em primeiro lugar? Claro no açougue, pois a fissura de carne era maior. Mas depois fui direto a gôndola de grãos e lá estava ela verdinha, tão pequenininha, a ouvi dizendo, me leva! E então, pequei o saquinho e finalmente comprei minha lentilha. Agora apresento a receita.


Ingredientes:

1 pacote de lentilha 500g
1 litro de água
3 cenouras pequenas
2 batatas doces
1 lingüiça de boa qualidade
3 dentes de alho
1 cebola picada
2 colheres de azeite
Sal
Pimenta do reino

Modo de preparo:

Em uma panela, coloque a lentilha na água. Leve ao fogo baixo e cozinhe com a panela semi-tampada por 15 minutos. Em quando isso descasque as cenouras e as batatas doces e corte em cubos e coloque na panela junto com as lentilhas. Depois corte a lingüiça em rodelas e frite em azeite, acrescente a cebola picada e os alhos picados e refogue tudo. Junte ao refogado uma concha da lentilha e deixe engrossar. Após o refogado pronto misture tudo na lentilha e deixe encorpar. Salgue a gosto e coloque a pimenta do reino a gosto também.

Fica ótimo acompanhar com uma boa farofa e com arroz branco. Aproveite e não espere pelo reveillon!

Um grande abraço do Marido Sanduíche.




25 de janeiro de 2010

De volta ao Brasil

Atenção! Atenção! O Marido Sanduíche já está em terras Brasileiras. Após um ano em Portugal estou novamente em minha cidade natal, Porto Alegre. E com isso é claro que o primeiro post não poderia ser outro... Será sobre churrasco, pois eu já estava em crise de abstinência.

No dia 8 de Janeiro quando desembarquei no Aeroporto Salgado Filho senti que as pessoas que ali estavam para me recepcionar estavam um pouco apreensivas, com um olhar preocupado, até com uma certa pena de mim. Claro desde que me declarei um viciado em churrasco saberia dos riscos que correria, principalmente quando reencontrasse minha família e amigos. Caros leitores, não é fácil botar a cara a tapa, ficar frente a frente com as pessoas que você gosta, mas mesmo com toda a desconfiança que havia no ar, todos tentaram me apoiar, conversando outros assuntos que não fosse churrasco. Mas mesmo assim eu era apontado, via grupinhos conversando entre si e eu tinha certeza que estavam falando de minha dependência pelo churrasco. Isso durou cerca de 30 minutos, fui para casa e lá tive uma noite terrível.

No outro dia acordei com um cheirinho característico de Porto Alegre, de carvão, foi ai que senti o primeiro calafrio, a primeira gota de suor escorrendo pela minha testa. Sabia que a única solução seria me dirigir a uma churrascaria, onde poderia matar a vontade e o desejo de comer carne vermelha. Ah, o dono da churrascaria que não ficou lá muito contente com minha presença, pois o prejuízo foi grande.

Mas de uma coisa eu tinha certeza, não seria indo um dia a uma churrascaria que daria conta de minha dependência, pois quando se sente o sabor de uma picanha mal passada, você coloca em cheque todo seu autocontrole emocional e ai é neste momento que desperta o verdadeiro vício. Sempre existem aquelas festas que levam você a cometer deslizes, perder o controle. É, caro leitor, fiquei sabendo de uma rave que minha sogra estava organizando em Criciúma, seriam 48 horas de churrasqueira ligada, não tive dúvidas em me deslocar para esta festa do churrasco.

Saí de Porto Alegre no sábado pela manhã durante toda a viagem fiquei imaginando os cuidados que teria para não ter uma overdose de churrasco, ponderava o que minha família iria pensar se fosse parar em um hospital com congestão de tanto comer. Nossa, fiquei entre o prazer e a culpa, mas o desejo era muito forte e superaria qualquer culpa.

Chegando em Criciúma minha sogra chegou junto com minha mulher Marina, para me pegar na rodoviária e me vela direto para uma churrascaria chamada Fábrica de Costela. Meu Deus, ali já tive o primeiro êxtase, os primeiros delírios! Comi uma costela de 5h que se desmanchava de tão macia, passei o resto da tarde imaginando o que viria, tendo delírios com a rave que estava apenas começando.

Pela noite eu entraria em ação fazendo um churrasco de entrecot. Eu estava muito preocupado, pois fazia um ano que não fazia churrasco, imagina um viciado errar, queimar a carne, não saber mais fazer fogo, foram instantes de terror para mim. Mas no fim deu tudo certo, fiz um fogo forte, coloquei a grelha na churrasqueira e fatias grossas de carne para assar. Fui ao delírio, ficou perfeito muito suculento, um verdadeiro manjar dos deuses.



No outro dia fui colocado à prova novamente, fazer um churrasco de ovelha. Essa tarefa era mais do que complicada, pois a ovelha requer muito mais habilidade para ser preparada, mas a tarefa foi concluída com êxito.



Quero dizer a todos que ainda não matei todo o desejo de comer churrasco. Claro, para um viciado isso não é fácil, então quero que todos que tenham churrasqueira, ou seja, sensíveis a minha dependência me convidem para comer um belo churrasco.

Bem durante esta semana o blog volta com força total, divulgando receitas, lugares interessantes, dando dicas.

Um grande abraço do Marido Sanduíche